Na verdade, os preços desses aparelhos de navegação caíram, enquanto seus fabricantes se voltam para o fornecimento de programas para operadoras e fabricantes de celular. A Navigon, que produz aparelhos de GPS de última linha, abandonou discretamente o mercado americano de hardware em maio, decidindo focar-se em telefones e programas para sistemas automotivos. Ela já fez acordos para celulares com a Samsung na Europa e a T-Mobile na Alemanha e recentemente lançou uma versão de seu software MobileNavigator na loja do iPhone da Apple, por US$ 89,99.
Após as líderes de navegação, Garmin e TomTom, anunciarem quedas de receita de dois dígitos no início do ano, observadores do mercado sugeriram que os smartphones com programas de rota poderiam acabar com os aparelhos de GPS da mesma forma que dizimaram os assistentes pessoais digitais. Então, a TomTom optou pela filosofia "se não é possível vencê-los, junte-se a eles", lançando para o iPhone uma versão em software de seu sistema de navegação, por US$ 100.
Mas usar o celular para conseguir direções em uma longa viagem pode ser tão confiável quanto usar uma forquilha para cavar um poço. Curvas erradas, falta de sinal e recebimento de chamadas confundem a maioria dos aplicativos de navegação de celular.
Os programas para iPhone da Navigon e da TomTom são justamente o caso. Diferente de um computador de mesa ou laptop, o iPhone não é totalmente capaz de realizar tarefas múltiplas ao mesmo tempo, o que significa que se você estiver seguindo as direções da rota e atender a uma chamada, a função de navegação se interrompe.
Mesmo os telefones capazes de manejar diferentes tarefas simultaneamente podem fazer você errar o caminho, dependendo da rede. Por exemplo, o BlackBerry Bold, da RIM, na rede 3G da AT&T mantém as direções ao fundo enquanto você conversa, mas o BlackBerry Storm na rede sem fio da Verizon não. Um porta-voz da RIM, Erik Van Drunen, disse se tratar de uma limitação da rede, não do telefone.
No entanto, até mesmo aparelhos multitarefas em muitos casos param de fornecer direções quando não há sinal de celular, por exemplo, em uma estrada rural. A razão: devido à pouca memória da maioria dos celulares, eles precisam ser regularmente atualizados com direções pela rede do celular, particularmente em longas viagens. Portanto, mesmo se você ainda estiver recebendo um sinal de GPS indicando sua posição, as direções vão ser interrompidas sem o sinal de celular. Isso pode ser não só um incômodo em uma noite chuvosa sem um posto de gasolina à vista, mas será também muito desagradável se você acabar fazendo aquele desvio inevitável na rota.
"Em alguns casos, ele baixa a rota inteira até o destino", respondeu Sal Dhanani, cofundador da TeleNav, que fornece o programa de mapas do serviço de US$ 9,99 da AT&T e da T-Mobile. "A menos que você faça uma curva que não esteja na rota. Aí, se não houver conexão, ele vai perder você".
A possibilidade de alegremente fazer curvas erradas sem consequências direcionais sérias é obviamente a maior qualidade dos GPS, que permite aos motoristas seguirem seu caminho sem jamais parar para perguntar direções. Mas, alguns serviços de navegação por celular, falham e é preciso esperar o telefone baixar novas instruções baseadas na nova posição, o que ocorre apenas em áreas com cobertura de sinal.
Em comparação, um aparelho exclusivo de navegação pode recalcular sua rota em segundos sem interrupção ou sinal de celular.
Existem outras desvantagens de usar o celular, como o mapa rodoviário digital. Seu volume no máximo é incapaz de superar o ruído da estrada e o rastreamento por GPS tende a esgotar as baterias de alguns aparelhos. Além disso, os receptores GPS em telefones não são tão sensíveis quanto aqueles em aparelhos exclusivos para navegação, fazendo com que os celulares percam facilmente o sinal de posicionamento em grandes cidades, como, Nova York.
Telefones também não possuem os sensores giroscópicos que muitos aparelhos de localização usam para informar a posição do carro quando o sinal de GPS falha, como em um túnel. E existe ainda a questão da tela: normalmente os aparelhos de GPS têm telas de 4 polegadas ou mais, enquanto mesmo o iPhone tem apenas uma tela de 3,5".
Por enquanto, os aparelhos exclusivos para navegação por GPS continuam sendo a forma mais confiável de localização para motoristas. Mas os celulares continuam avançando. Alguns, como o novo Pre, da Palm, certos modelos de BlackBerry e telefones com o Windows Mobile, da Microsoft, ou o Android, da Google, são capazes de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, permitindo a navegação mesmo durante uma conversa ao celular. Outra possibilidade é armazenar um conjunto completo de mapas digitais no telefone para que as direções continuem quando o sinal desaparecer.
O programa Mobile XT da Garmin, disponível para smartphones por US$ 99, acompanha um pequeno cartão de memória que funciona em telefones com Windows Mobile, por exemplo. Navigon e TomTom adotaram abordagem similar de download completo em seus programas para o iPhone, para que motoristas não dependam da rede de celular para atualizações na rota. Com o intuito de compensar qualquer limite de hardware, a TomTom vai oferecer um kit automotivo para o iPhone no próximo mês, que inclui um receptor melhor de GPS e um altofalante para a porta do carro.
Além disso, à medida que celulares com maiores capacidades de processamento são lançados, eles não vão se perder na zona rural com tanta frequência. Telefones também têm uma característica embutida que falta na maioria dos aparelhos de GPS: uma comunicação de mão dupla para listagens atualizadas, como postos com combustível mais barato, novos restaurantes e serviços como compras de ingresso online.
Embora 80% da receita da TomTom ainda venham do negócio de navegação portátil, a empresa já controla uma das duas provedoras de mapa líderes, a Tele Atlas. Segundo a empresa, o aspecto de uma comunicação de via dupla é o motivo da companhia contemplar não só aparelhos de GPS, mas também sistemas automotivos embutidos, operadoras sem fio e smartphones.
"Na verdade desejamos o crescimento da navegação em outras áreas", disse Tom Murray, vice-presidente de desenvolvimento de mercado da TomTom. Ele disse também que não havia a expectativa de que a navegação por celular acabasse com os aparelhos específicos de navegação. Alguns preferem usar aparelhos separados, como muitos que ainda usam câmeras digitais, mesmo com a maioria dos celulares incluindo uma embutida.
Por outro lado, as capacidades inferiores de direção dos celulares podem não deter a maioria dos consumidores. Afinal, iPods não têm um som tão bom quanto CDs e celulares ainda fornecem chamadas de baixa qualidade quando comparadas aos serviços com fio, e ainda assim, todos têm ou querem ter um.