O YouTube, o maior site de vídeos da web, está negociando um acordo com estúdios de Hollywood que permitiria que visitantes assistissem a filmes completos, de acordo com duas pessoas informadas sobre as negociações.
Caso um acordo seja fechado, representaria uma grande mudança para o YouTube, que construiu grande audiência ao oferecer uma coleção eclética de videoclipes gratuitos, e que obtém a maior parte de sua receita da publicidade. Também colocaria o YouTube, controlado pelo Google, em concorrência direta com serviços oferecidos pela Netflix, Amazon e Apple, os quais permitem que os usuários comprem ou aluguem filmes online.
O YouTube, que já oferece alguns filmes mais antigos gratuitamente em seu site, está negociando com Lionsgate Entertainment, Sony e Warner Brothers sobre a possibilidade de oferecer produções mais novas, disse uma pessoa informada sobre as negociações, que vinham sendo conduzidas em caráter confidencial.
O YouTube, que há muito vinha procurando adicionar mais vídeos produzidos profissionalmente, afirmou em comunicado que "embora não comentemos sobre boatos e especulações, esperamos expandir tanto o nosso ótimo relacionamento com os estúdios de cinema quanto a seleção e tipos de vídeo que oferecemos à nossa comunidade".
Scott Rowe, porta-voz da Warner Brothers, e Jim Kennedy, porta-voz da Sony Pictures, se recusaram a comentar. Peter Wilkes, porta-voz da Lionsgate, também não comentou de forma específica, mas declarou que sua empresa estava "sempre explorando alternativas" que pudessem ajudá-la a faturar mais com os seus filmes.
A Lionsgate, disse Wilkes, desfruta de considerável sucesso em sua oferta de filmes e programas de televisão por intermédio da Apple. De acordo com ele, a série Mad Men, do estúdio, já conseguiu dois milhões de downloads na loja online iTunes, da Apple.
As negociações entre o YouTube e os estúdios foram reportadas inicialmente no site do Wall Street Journal.
Os estúdios de cinema vinham pressionando o YouTube a considerar cobrança por determinados tipos de conteúdo, disse uma pessoa informada sobre as discussões. O YouTube parece disposto a ceder caso os estúdios concordem em lhe oferecer acesso a número suficiente de seus filmes mais novos, em data próxima ao lançamento destes em DVD, disse a fonte.
Um executivo de estúdio ¿ que está informado sobre as negociações mas não quis que seu nome fosse divulgado para minimizar a perturbação nas discussões - afirmou que as questões que ainda resta resolver envolvem preço e o prazo para lançamento de filmes no YouTube. Ainda que as vendas de DVDs tenham caído, os estúdios continuam a proteger o período em que filmes estão disponíveis em DVD mas não em outros formatos.
Os analistas dizem que, sem conhecer os termos do acordo, seria impossível avaliar seu impacto financeiro sobre o YouTube, mas afirmam que, em termos gerais, acordos com grandes provedores de conteúdo seriam positivos para o YouTube, com o tempo.
"Wall Street trabalha com a suposição de que o YouTube continuará deficitário", disse Ross Sandler, analista da RBC Capital Markets. Ele afirma que com acordos como esse "o potencial positivo do YouTube em longo prazo aumenta".
O YouTube domina de forma esmagadora o mundo dos vídeos online. Em julho, usuários norte-americanos assistiram a quase nove bilhões de clipes no site, cerca de 10 vezes mais clipes do que assistiram nos sites operados pela concorrente mais próxima, a Viacom, de acordo com a comScore.
Mas boa parte da audiência do YouTube visita o site para assistir a uma mistura aleatória de vídeos produzidos por amadores, que os anunciantes não veem com bons olhos. Por isso, o YouTube há muito está envolvido em uma busca pela obtenção de maior número de vídeos produzidos profissionalmente que pode usar para gerar receitas e compensar o enorme custo de veicular bilhões de vídeos gratuitos.
O YouTube tem se provado disposto a mudar para atender às necessidades dos produtores profissionais de conteúdo. Em abril, por exemplo, anunciou um acordo com a Universal Music para criar o Vevo, um site separado para vídeos musicais. A Sony Music aderiu posteriormente a essa parceria, cujo site ainda não estreou.
O Vevo é visto como tentativa de imitar o sucesso do Hulu, site criado pela NBC, Fox e Disney para oferecer programas gratuitos de TV e filmes aos usuários. Embora a audiência do Hulu seja muito inferior à do YouTube, o site vem conseguindo atrair grandes anunciantes.
Parte dos esforços do YouTube podem estar começando a propiciar resultados. Nos últimos meses, executivos do Google afirmaram que graças a diversos novos esforços publicitários associados a vídeos profissionais, o YouTube estava mais perto de sair do vermelho, ainda que se recusassem a estimar quando o fará.
O Google cobrava por locação e download de vídeos no passado, com o Google Video. Mas menos de um ano depois de adquirir o YouTube, em outubro de 2006, suspendeu os serviços de vídeo pago.
Tradução: Paulo Migliacci ME
The New York Times
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