Tóquio é a cidade do mundo que mais utiliza o Twitter, o site de microblogging que se espalhou pela interligada rede japonesa de telefones celulares como uma fórmula contra a solidão, desbancando outras redes sociais, como o Facebook.
Graças à importância do telefone celular como porta para o mundo no Japão, o Twitter se transformou em um instrumento para perder a timidez ao se comunicar, marcar encontros, obter informação ou para que os políticos fiquem conhecidos. Para Hector García, engenheiro do Twitter Japão e responsável pelo blog Kirainet, o que favoreceu o Twitter frente ao Facebook são as reservas dos japoneses para que suas fotos e dados pessoais fiquem acessíveis a uma rede de pessoas nem sempre controlável. Segundo a empresa de consultoria de internet Alexa, o Twitter supera o Facebook em número de visitas mensais e é a rede social aberta mais usada na segunda economia mundial, com 127 milhões de habitantes e um dos maiores índices de acesso à rede do mundo. No vagão do metrô, na calçada, no pequeno quarto de tatames de um cidadão comum, qualquer lugar é acessível ao Twitter, especialmente graças à possibilidade de chegar a grupos de pessoas em um instante através do telefone celular, ou "keitai". O Twitter Japão foi o primeiro do mundo a inaugurar uma versão para celulares e, hoje, mais de 80% dos "tweets" são transmitidos através do aparelho, que acompanha os japoneses em seus longos trajetos em trem em cidades como Tóquio. No entanto, muitos já utilizavam este serviço em qualquer lugar através do iPhone, outro grande sucesso tecnológico no Japão. Com o Twitter, que surgiu nos Estados Unidos, em 2006, as mensagens pelo celular adquiriram nova dimensão, já que permite ampliar a rede de receptores, com seu sistema de "followers" (seguidores). O Japão se transformou em pouco tempo em um dos mercados mais inovadores do Twitter no mundo, com aplicações específicas para empresas e para a promoção de produtos no site. A Digital Garage, responsável do Twitter no Japão, trata de dar à aplicação um sabor nacional que, para muitos, representa a vanguarda no uso tanto pessoal quanto empresarial desta inovadora maneira de se comunicar. Por exemplo, o Twitter japonês permite o "follow" (seguir) automático, algo que, na opinião de García, é um exemplo da educação japonesa. "É como devolver uma reverência. É de má educação não responder a essa deferência a um seguidor", explicou. Justamente esta tradição de seguir quem o segue acontece em mais de 90% dos casos no Japão, frente aos 30% a 40% de outros países, contribuiu para que o Twitter se espalhasse de maneira exponencial. Além disso, esta rede social promoveu algo incomum nas grandes cidades japonesas, a criação de reuniões de vizinhos e de novos comportamentos de comunidade que tinham se perdido em uma sociedade tradicionalmente reservada. Em um país onde aumentam os solteiros e o individualismo se transformou em norma, o Twitter criou um novo modo de se comunicar com uma extensa rede que chega a todos os cantos de maneira instantânea. Os usuários são os que deram forma à aplicação, que, nestes tempos de crise, serve como meio para economizar e fazer amigos, com contatos para dividir um táxi, um carro ou uma viagem. Os políticos também viram o potencial desta rede para chegar a seus possíveis eleitores, algo importante, já que o distrito eleitoral tem grande peso na carreira de um legislador. Até o primeiro-ministro japonês, Yukio Hatoyama, se uniu a esta rede para contar detalhes sobre a atualidade política e, em apenas duas semanas, desde que criou sua conta, obteve quase 168 mil contatos. Para as empresas japonesas, o Twitter se transformou em uma maneira eficaz de saber a percepção de sua própria marca, testar com a promoção boca a boca e ter mais informação sobre os gostos de consumidores dispostos a dar sua opinião.
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