O que muda na transmissão da TV digital?
A TV aberta brasileira até agora foi transmitida por ondas eletromagnéticas, mas com tecnologia analógica. O sinal digital será transmitido também por ondas, mas que são menores, pois carregam dígitos em código binário. Essa característica da tecnologia digital permite a multiprogramação (veja pergunta sobre o assunto), isto é, a exibição de até quatro programas diferentes em um só canal. Estas são as principais diferenças técnicas do processo. O sinal analógico utiliza a freqüência VHF (canais 2 ao 13) e o sinal digital utilizará a UHF (canais 14 ao 69). A maioria das antenas comuns é capaz de receber nas duas freqüências, mas pode ocorrer, inclusive, que em determinada região da cidade a recepção da freqüência UHF seja ruim.
Qual a diferença na imagem e no som?
A imagem da TV digital terá melhor qualidade, já que não está sujeita a interferências (ou ela pega ou não). O som também é melhor, pois pode ser transmitido em até 6 canais (surround), enquanto na transmissão analógica só é possível em 2 canais (mono ou estéreo).
Outra diferença diz respeito ao formato da tela. Os sinais analógicos são gerados para uma tela no formato 4:3 (quase quadrado), enquanto o sinal digital é gerado e transmitido para o formato 16:9 (retangular ou widescreen), semelhante às telas de cinema.
Mas atenção: para desfrutar da alta qualidade da imagem da TV digital é necessário ter equipamentos (TV e conversor) que sejam capazes de reproduzir tais qualidades. Um aparelho de TV normal (de tubo ou mesmo de plasma e LCD) poderá exibir uma imagem mais limpa, mas não em alta definição. Como o som é transmitido em sinal independente da imagem, pode até ser desfrutado em sua versão surround se você conectar um equipamento de home theater, por exemplo, ao seu aparelho. Mas seu conversor (ou set top Box) de sinal digital tem de suportar essas funcionalidades.
O que é a interatividade e a mobilidade da TV digital?
A interatividade é a possibilidade de trocar dados e realizar operações em funções do conteúdo exibido (comprar produtos, consultar serviços, responder a enquetes etc). De início, a interatividade será limitada. Isso porque não há notícia que os conversores (ou set top boxes) à disposição no mercado tenham incorporado o software desenvolvido no Brasil para permitir a interatividade, o Ginga. Esse é um ponto obscuro da TV digital no Brasil para o consumidor. O Idec contatou cinco fabricantes de conversores oferecidos no mercado em final de novembro e nenhum deles informou nada sobre a presença do Ginga, imprescindível para que a interatividade seja completa. Todos afirmaram que o software “ainda não está pronto”, o que não é verdade. O Idec confirmou a disponibilidade do programa para os fabricantes, sem custos, com um dos desenvolvedores do Ginga, o laboratório de Telemídia da PUC-SP. Tudo indica que quem comprar um conversor agora terá que comprar outro (ou atualizar o que já possui) mais tarde.
Em relação à mobilidade, já é possível receber o sinal em aparelho móvel (uma TV portátil para a recepção digital ou um aparelho celular). Mas a imagem para os celulares não é de alta definição (chamada de High Definition ou HDTV).
A partir de 2 de dezembro, em São Paulo, toda a programação será digital e em alta definição?
Não. As emissoras estão em fase de implantação do sinal digital. E somente parte pequena da programação (jogos de futebol, filmes e novelas, principalmente) será em alta definição. É preciso distinguir entre sinal digital (já presente na TVs pagas, por exemplo) e transmissão em alta definição (HDTV). O sinal digital será implantado mais rapidamente; a programação em alta definição será implantada aos poucos.
O que é a multiprogramação? Ela já estará disponível na TV digital?
A multiprogramação é um recurso possível porque o sinal digital é mais compacto, o que permite transmitir até quatro programas em um só canal, quando não são transmitidos em alta definição (HD), mas em definição standard (SD). Mas ainda não está claro como as redes de TV aberta procederão em relação a isso. Essa potencialidade da TV digital é interessante para a multiplicação de conteúdo e para sua democratização. Mas nada indica que as redes de TV abrirão esse espaço para novos atores do audiovisual.
É preciso adquirir novos equipamentos ou comprar novos televisores neste momento?
Não! O sinal analógico continuará a ser transmitido normalmente até 2016. Se você quiser adquirir um conversor de sinal, fique atento às limitações do aparelho e do seu televisor. Os dois equipamentos podem ter capacidades limitadas de som e imagem, isto é, podem ou não exibir imagens em alta definição e ter ou não som com 6 canais. Além disso, como confirmamos, nenhum deles ainda possui a base da interatividade, que é o middleware Ginga (uma espécie de programa que será instalado nos conversores).
O que preciso ter para assistir a TV digital já no dia 2 de dezembro?
As transmissões terão início somente para a área metropolitana de São Paulo. Se você mora nessa região e não estiver em uma área de sombra (áreas onde o sinal não chega), precisará do seguinte:
- Ter condições de receber, no seu endereço, uma transmissão nos canais de UHF e ter uma antena para isso. Muitas das antenas que recebem VHF também recebem UHF;
- Adquirir um conversor do sinal digital, que vai ser ligado à sua antena UHF e ao televisor. As vantagens imediatas são a melhora da imagem (eliminação de fantasmas e chuviscos) e do som (fim de chiados), caso seja possível captar o sinal digital em sua localidade. Se seu televisor for convencional (de tubo), de plasma ou de tela de cristal líquido (LCD) com 480 linhas horizontais de resolução, a imagem e o som serão mais nítidos, mas é só;
- Para ver as imagens em alta definição (HD), você precisará de um conversor e também de um televisor com essa capacidade. O televisor pode ser de tela de plasma ou LCD, mas tem de poder exibir 1080 linhas horizontais (Full HD) ou pelo menos 720 linhas horizontais (HDTV Ready) (veja no manual e informe-se com o vendedor antes de comprar o aparelho);
- Já há no mercado televisores digitais com o sintonizador embutido, também chamados de televisores digitais integrados, que dispensam o uso de conversores digitais externos. Mas tal como os conversores (set top boxes), os televisores disponíveis até agora no mercado, além de caríssimos, não dispõem do Ginga, necessário para a futura interatividade.
Minha televisão de tubo pode receber o sinal digital?
Sim, as TVs de tubo (CRT) podem receber o sinal digital, mas terão a qualidade da imagem limitada à resolução definida na fabricação.
Se o sinal digital é transmitido em canais UHF, terei que sintonizá-los?
Não. Os conversores já farão isso. Apesar de, na realidade, estar captando o sinal em uma freqüência UHF – a TV Cultura será no canal 24, por exemplo –, você vai digitar no seu controle o número do canal VHF (no caso, o 2) e o conversor vai automaticamente sintonizar seu televisor.
Um só conversor serve para vários televisores?
Sim, mas é como na TV paga: todos os televisores ligados àquele conversor sintonizarão o mesmo canal.
Se eu comprar um conversor ou uma TV importados, servirão aqui no Brasil?
Não. A tecnologia da TV digital brasileira é de origem japonesa, mas sofreu várias adaptações aqui no Brasil.
As TVs à venda nas lojas já estão prontas para receber o sinal digital?
Cuidado! É preciso avaliar duas coisas antes de comprar um novo televisor:
– Se a TV possui alta definição (Full HD - 1080 linhas horizontais; ou pelo menos 720 linhas horizontais - HDTV Ready). Exija essa informação do vendedor e verifique no manual
– Se a TV já pode receber o sinal digital, sem a necessidade de comprar um conversor (a quase totalidade dos televisores à venda ainda não é capaz de receber diretamente o sinal digital). Como já foi dito acima, nenhum dos aparelhos até agora verificados no mercado dispõem da tecnologia para interatividade. O melhor é esperar. Se você quiser comprar aparelhos (TV e conversor) de imediato, verifique se há a possibilidade de receber futuramnte uma atualização gratuita com o middleware Ginga. O ideal é exigir isso por escrito. Se você não fizer isso, quando vier a tal interatividade, vai, provavelmente ter de desembolsar algo.
Possuo serviço de TV por assinatura. O que muda para mim?
As TVs por assinatura hoje transmitem digitalmente a programação das emissoras, mas não em alta definição. O assinante de TVs por assinatura terá duas opções para receber os sinais de TV Digital:
1 - Comprar o conversor digital e interligá-lo a sua TV e a uma antena, interna ou externa. Você continua recebendo a programação da TV por assinatura pela atual caixa conversora da operadora de TV por assinatura, e os sinais das TVs abertas, gratuitamente, pelo novo conversor de TV digital.
2 - Aguardar até que as operadoras de TV por assinatura também distribuam por suas redes os sinais da TV digital. Mas, nesse caso, as operadoras de TV por assinatura provavelmente deverão disponibilizar novas caixas conversoras para seus assinantes.
A TV digital terá alguma proteção contra a gravação?
O debate não terminou. As emissoras de TV desejam bloquear para o usuário a gravação de todo conteúdo transmitido em alta definição (HD), o que incluiria filmes, novelas, jogos de futebol e telejornais. O Idec é francamente contrário a esse cerceamento dos direitos do consumidor (veja campanha de Restrições Tecnológicas e combate essa idéia juntamente com outras instituições não-governamentais (Intervozes) e da academia (Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV/RJ).
Como a maior parte da programação que será transmitida agora é em definição standard (SD), o problema não se colocou de forma mais aguda. Mas ainda ressurgirá.
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